Publicado originalmente no site Cultura, em 19 de setembro de 2018
Literatura de Cordel e Acervo Arthur Bispo do Rosário são
patrimônios culturais do Brasil
O Brasil ganhou, nesta quarta-feira (19), dois novos
patrimônios culturais. Em reunião no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, o
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou o registro da literatura de
cordel como patrimônio imaterial e o tombamento do Acervo Arthur Bispo do
Rosário como patrimônio material. Nesta quinta-feira (20/9), quatro outros bens
serão avaliados: Procissão do Senhor dos Passos, em Florianópolis (SC), Sistema
Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e os
terreiros de candomblé Ilê Obá Ogunté Sítio Pai Adão, em Recife (PE), e Tumba
Junsara, em Salvador (BA).
"Sou suspeito para falar do cordel. Minha bisavó,
nascida no Crato (CE), me fez na infância e adolescência um leitor voraz de
cordel. Contribuiu muito para a minha formação, para as minhas referências,
para ser quem eu sou", destacou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.
"Tenho respeito e admiração pelo trabalho heroico feito pela Academia
Brasileira de Literatura de Cordel para manter o gênero vivo, para que ele
fosse reconhecido como importante gênero literário, de grande relevância e
significado. Considero absolutamente adequado e justo o reconhecimento da
literatura de cordel como patrimônio cultural brasileiro e espero que mais
brasileiros tenham acesso a ela", acrescentou.
"O cordel é uma manifestação cultural que se tornou
filha genuína da inteligência artística brasileira", afirmou o presidente
da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), Gonçalo Ferreira.
"O registro é a consequência natural desta importância que o gênero tem
para o nosso país", observou.
O fundador da Associação dos Escritores, Trovadores e
Folheteiros do Estado do Ceará (Aestrofe), Klévisson Viana, comemorou o
registro da literatura de cordel como patrimônio imaterial brasileiro.
"Esse reconhecimento é de extrema importância. O Brasil tem uma das
literaturas populares mais ricas do planeta, tanto em quantidade como em
qualidade", destaca.
"O cordel é uma tradição viva que se renova o tempo
todo, que procura dialogar com cada período histórico. Hoje, são raros os
cordelistas que não têm uma página na internet para divulgar o seu
trabalho", completa Viana, que é autor de mais de 200 folhetos de cordel e
de 38 livros, um deles – O Guarani em Cordel – vencedor do Prêmio Jabuti em
2015.
Apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o
cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente por causa do
processo de migração de populações. Em todo o país, é possível encontrar esta
expressão cultural, que revela o imaginário coletivo, a memória social e o
ponto de vista dos poetas sobre acontecimentos vividos ou imaginados.
A Literatura de Cordel no Brasil é o resultado de uma série
de práticas culturais em que os cantos e os contos constituem as matrizes para
uma série de formas de expressão. Na formação da cultura brasileira, da qual a
literatura de cordel faz parte, tanto indígenas quanto africanos e portugueses
adicionaram práticas de transmissão oral de suas cosmologias, de seus contos e
de suas canções.
Arthur Bispo do Rosário
Com uma vida repleta de mistérios, o artista sergipano
Arthur Bispo do Rosário ganhou destaque no universo da arte contemporânea sem
querer. Seguindo as vozes que o ordenavam a reconstruir o mundo, deu início a
suas obras, produzidas sem o propósito de serem consideradas culturais e que
geraram debates sobre os limites entre a arte e a loucura.
A coleção principal é formada por 805 peças, entre elas
estandartes, indumentárias, vitrines, fichários, móveis, objetos (recobertos
com fio azul ou não) e vagões de espera. O acervo é composto por peças
elaboradas em diversos materiais, como vidro, madeira, plástico, tecidos,
linhas, botões, gesso, e diversos itens recolhidos do lixo e da sucata.
Sobre o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão
colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), para
as questões relativas ao patrimônio material e imaterial.
São 26 conselheiros que representam os ministérios da
Educação, das Cidades, do Turismo e do Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro
dos Museus (Ibram), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o
Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Sociedade de Arqueologia Brasileira
(SAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes
da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Assessoria de Comunicação Ministério da Cultura
Com informações do Iphan
Texto e imagens reproduzidos do site: cultura.gov.br
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